quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Desde quando és contra o namoro?

Publicada n'O Taquaryense em 17 de abril de 2004.

Fidelito, considerando tua capacidade superior de te mostrares atraente e adorável, de fazer com que todo mundo preste atenção em ti, te faço este pedido de que leves adiante o que segue. Como quem reza para santo.
Talvez eu deva admitir que se trata mais de um devaneio do que de uma mensagem com intenção firme de atingir seu destino. Um dos motivos é que o escalão do destinatário é alto demais para que eu reclame a prerrogativa de ser ouvido. Outra razão é que ele tem dado muita trela para... como direi para não chocar... tapires hirsutos. Daí, não me animo a pedir a palavra, pois obviamente me considero excluído da classe.
Mas vá lá. Já que me franquearam este espaço privilegiado, intercedo junto a ti, estimado Fidel, para que faças chegar ao destinatário esta petição (até porque, como tocayo do chefe cubano, podes lhe cair simpático).
Então mando: Caro Lula, de primeira esclareço que não sou um dos cínicos que andam por aí de cueca e fazem o maior escarcéu quando algum dos teus aparece com menos do que um escafandro. Pelo contrário, aqui mesmo já reconheci que só te entregaram a chave do armário quando as traças estavam empanturradas.
O problema é o seguinte, usando uma analogia que eu sei que te agrada: puseste em campo, por dó ou dívida, uma legião de pernas-de-pau. Manda para o chuveiro! Olha que ruindade pega.
Como pode? Teu ministro da ginástica olímpica interditou a Daiane dos Santos com a desculpa de que ela deve prestar o serviço militar. Hem? E por que no ministério do tênis puseste um que não joga nem ping-pong, mas aposentou o Guga por decreto? Só faltou impor ao simpático manezinho uma licença-maternidade...
No ministério-dos-esportes-que-não-dão-voto puseste um afoito que falou em botar laxante na água dos adversários. Daí, felizmente o mandaste embora e nomeaste um ponta-de-lança habilidoso. Mas ele anunciou que não vai entrar driblando defesa adentro para não destoar do resto da equipe. No ministério do café, almoço e janta a conversa é animada (sinal de que a bóia é fraca). Como se costumava dizer, “Assim não dá!”
Certo, acabas de assentar uma espécie de Paulo César Carpeggiani no ministério da merenda – alvíssaras! E Don Elias Figueroa garante a defesa do ministério do cofrinho. Mas por que se limitar aos poucos craques que tens à volta? Olha que os pernas-de-pau que investiste de poder estão mostrando a cara: mandam botar saibro na chuteira de qualquer um que se mostre jeitoso com uma bola no pé.
Em suma, companheiro, usando outra metáfora que te agrada e correndo o risco de descambar para o mau gosto, te digo que não tenho nada contra o amor solitário ou a abstinência, mas por que dar a chave do cartório a essa gente? Por que lhes dar o poder de proibir o amor à vera? Eles, que não fazem e não querem que ninguém faça? Se negam a sequer ouvir quem faz contar das delícias; só ouvem o coro lamurioso dos mirrados e baldios cuja delícia é empatar. Por que, se nunca foste um deles? Ou agora és contra o namoro? Eu, hem? Me inclui fora dessa!

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